12/04/2014

FREE WIFI NO PARAÍSO

Terminada a 19ª edição da Indochina, voltei rapidamente a Bangkok - onde já me esperava o Miguel, um amigo de Lisboa com quem combinara ir dar uma volta pela Tailândia.

Sem planos delineados, a única coisa que sabia é que na primeira semana íamos descansar para alguma ilha no Sul do país - e depois, em princípio, subíamos para alguma cidade no Norte, para celebrar a entrada no novo ano tailandês.

Ou seja: saudades e abraços arrumados, vamos lá decidir para onde ir.

Eu não queria "repetir" as praias de há dez anos, o Miguel nunca cá tinha estado. Pesquisa-daqui, pergunta-dali, acabámos por comprar um voo para Hat Yai, bem no Sul da Tailândia, quase-quase na Malásia.

Na manhã seguinte, ainda noite cerrada, uma minivan veio buscar-nos ao hotel. Não tínhamos dormido quase nada. Que ressaca. Mas a viagem até ao aeroporto foi um piscar-de-olhos - e não porque tenha dormido durante quase toda o percurso - mas porque o senhor condutor, por favor, levava o pé no acelerador... se chocar, não faz mal... ok, u got the point.

Check-in feito. Uma hora e meia até ao voo sair.

Mais hora e meia no ar.

E outra hora e meia em Hat Yai, a fazer tempo até ao minibus partir. Sentámo-nos a ressacar a noite anterior num café com ar condicionado e wifi, demos uma volta pelo mercado chinês, almoçámos num restaurante familiar que servia uns noodles de chorar.

Depois: hora e meia de estrada até Pak Barra, o porto de saída para as ilhas. Sempre acompanhados de nuvens escuras e chuvas repentinas, pingos pesados e palmeiras despenteadas, que pontaria, se está o tempo assim nas ilhas, vamos ter as férias estragadas.

E a ressaca que não passa.

Mais hora e meia no cais, à espera do barco. Centenas de turistas, sobretudo grupos de locais que vão passar o fim-de-semana, munidos de lancheiras e chapéus de sol. Eu tinha lido qualquer coisa acerca de Koh Lipe, não me lembro das palavras exactas mas era qualquer coisa como "one of the last untouched islands in Thailand". Estamos feitos.

E finalmente: depois das horas-e-meia todas do resto do dia, a ressaca estava finalmente curada e entrámos no barco com mais cinquenta passageiros. E arrancámos. Para cima e para baixo, catrapumba e gargalhadas, que viagem, esta última hora e meia. Emoções ao rubro, o coração aos pulos, passageiros ensopados e aos gritos, alguns a vomitar, que filme é este, nunca mais chegamos...

Mas chegámos.

Uma espécie de paraíso.

Uma ilha como outras ilhas. Mar à volta, azul-turquesa e verde-esmeralda. Areia branca. Turistas côr-de-rosa. Tailandeses castanhos. Sorrisos brancos e música de todas as cores, palmeiras na praia, rastafaris e turistas de tanga, anúncios a massagens e a mergulhos, batidos e panquecas. O paraíso já não é o que era?

Vi algures uma seta a apontar para um ATM. E ao lado um cartaz pregado numa árvore, a dizer "free wifi".



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