por Rui Neves Munhoz
Não sei se as cidades são amores eternos ou efémeros. A
cidade preferida aos olhos de uns, pode ser invisível ao coração de outros,
porque uma cidade não é uma mera soma aritmética de monumentos, mas sim o seu
próprio povo.
Já tive algumas cidades preferidas, mas hoje o meu coração,
bate por Isfahan, bela e verdejante. O centro histórico, magnífico, rasgado
pelo bazar coberto, caudaloso rio humano, desagua na mais bela praça, que os
meus olhos já viram. Vasta e pintada do verde da relva e do azul do lago, plena
de vida, emoldurada por galerias de arcadas sobrepostas e coroada por
deslumbrantes mesquitas que suportam cúpulas diáfanas, desenhadas em
caligrafias e geometrias indecifráveis. Mas o verdadeiro tesouro de Isfahan é o
seu povo, culto e amistoso que nos recebe de braços abertos e com tâmaras nas
mãos. Em Isfahan, a barreira da língua ultrapassa-se pelos afectos.
Nas margens verdes do rio, em suave declive, as famílias
celebram piqueniques, partilhando sorrisos. Largas avenidas arborizadas, salpicadas
de cafés e casas de chá, atravessam a cidade e, em cada passo, acontece um
abraço caloroso.
Assim se celebra a vida em Isfahan, uma cidade que vale por
metade do mundo.
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