15/01/2016

O DIA EM QUE RAPEI O CABELO NUM TEMPLO HINDU

Não consulto com frequência o meu horóscopo, apesar de achar uma certa piada e ser um "curioso"... mas se tivesse espreitado o destino dos Balança no mês de Maio de 2015, provavelmente ia ler qualquer coisa do género "altura ideal para proceder a mudanças radicais na sua aparência física", eheh.

15 DIAS DO ANO 15

(07) VINTE E UM DE MAIO

Uma semana depois de fazer uma tatuagem em Bombaim, eis-me a rapar o cabelo em Tirupati. Pois. Lembram-se? Quem acompanhou as minhas voltas no ano passado lembra-se disto de certeza.

Depois dos dias passados em Bombaim retomámos a nossa viagem em Pondicherry, onde as motas tinham ficado a arranjar. Sem mais terra para ir para Oriente, virámos então para Norte. Entrámos no Andhra Pradesh e apanhámos "em cheio" a trágica onda de calor que foi responsável por tantas mortes neste estado da Índia.

O corte de cabelo (ou melhor: a rapadela) aconteceu logo no início desta nova jornada - e aconteceu quase sem-querer, não tínhamos planeado nada daquilo. Fomos visitar o templo de Venkateshwara, em Tirupati, famoso porque milhões de peregrinos vêm aqui oferecer o seu cabelo como prova de renúncia ao Ego.



Enfim... curiosos como somos, fomos primeiro atrás dos sinais a dizer "free tonsure", depois entrámos nos pavilhões onde se rapa o cabelo... sempre só-para-ver, só-para-perceber-como-é, quem sabe falar com este ou aquele barbeiro. Nós e as entrevistas. Vínhamos todos entusiasmados com o sucesso com as hijras e o Dobhi Ghat em Bombaim. Resultado: saímos dali sem cabelo, como se sabe.

O relato mais pormenorizado pode ser recordado aqui.


E depois da rapadela começou a fase mais complicada da viagem. Física e psicologicamente. O calor sufocante, algumas diarreias e discussões, os camiões a buzinar nas autoestradas-sem-fim, os indianos sempre a olhar, sempre a meter-se, where-are-you-from, whats-your-name. E o calor, já mencionei o calor? Nunca vivera nada assim: foi, sem dúvida, um desafio hercúleo, a Índia em versão bold - mas isso mesmo, um desafio. Que viagem memorável, que alucinada celebração da Vida, de ser Humano, do poder de adaptação, de ficar chocado, de rir com as pequenas coisas, de complicar e descomplicar. As viagens são feitas disto mesmo. :)

Voltando ao que é importante neste post: o dia da Máquina Zero. Valeu pela "proeza", pelo significado que tem no contexto desta aventura, pela experiência de assistirmos a algo tão diferente. E por isso é o sétimo dos quinze dias que quero recordar aqui.

1 comentário:

Clara Amorim disse...

Olha, olha, lembro-me bem este dia! ;)