Além disso, era o meu primeiro dia sozinho na estrada. :)
Saí cedo, portanto. Sete e meia, ou antes disso. Confesso que ainda sem saber
muito bem para onde ia. Nada decidido. O meu único objectivo, neste momento, era avançar para norte, para o estado do West Bengal, e assim ir visitar o meu amigo Kosik, com quem passei alguns dias no ano passado, na sua aldeia. Para quem não se lembra, pode sempre espreitar aqui.
Dependendo do tempo e dos imprevistos, a distância de
Bhubaneswar à aldeia pode demorar dois a quatro-cinco dias. Mas ontem a Sorte e o São Pedro estiveram do meu lado, e apesar de algumas paragens para descansar, abastecer, beber água, consultar o mapa, etc... consegui avançar
bastante. Fiz quase meio-caminho, cerca de duzentos quilómetros.
Aliás: numa dessas várias paragens aproveitei para consultar mapa e
internet, a ver se havia algo que valesse a pena ver, ou para encontrar um lugar onde parar. E acabei por descobrir uma praia chamada Chandipur, que já nem estava muito longe, e que pelos vistos era conhecida
nas redondezas pelo facto do mar recuar cinco quilómetros na maré baixa.
Cinco quilómetros?!
Cinco, sim. Que
fenómeno!
Ficou decidida a meta do dia. Cheguei a Chandipur à hora de almoço e consegui um quarto com terraço, a dois passos das dunas que dão acesso à praia. E depois de comer alguma coisa fui espreitar o tal
fenómeno. Precisava de confirmar (caso tivesse a sorte de apanhar a maré baixa)
que algo tão estranho pode acontecer.
Subi as dunas em frente ao meu hotel, ao som do vento nas
árvores e das ondas do mar ao fundo... e assim que cheguei ao topo, foi isto
que vi:
Avancei pela areia molhada... que estranha sensação, não ter
o mar mesmo ali à frente. Ao longe parecia-me ver qualquer coisa... pareciam ondas... mas não eram bem
ondas. Às vezes pareciam-me dunas, no horizonte. Ou um muro. Outras vezes parecia que se
estava a formar um tsunami. E pelos vistos não fui o único a pensar nisso, porque uns indianos que conheci ao final da tarde disseram-me a mesma coisa. Uma ilusão óptica? E tudo isto sempre com o som do
mar... mas sem conseguir ver bem o mar.
Na minha caminhada em direcção ao mar cruzei-me com uma família que voltava para terra. Perguntei
a que distância estava e responderam-me "três quilómetros". E
depois acrescentaram "não vale a pena ir", tentando demover-me deste
agradável mas estranho passeio a seguir ao almoço.
Mas eu via pessoas ao longe, ou aquilo que pareciam ser
pessoas. E continuei.
Pelo tempo que demorei (cerca de quarenta minutos),
posso confirmar que o mar devia estar a uns três quilómetros da costa. Sorte a
minha que não estava mais longe, porque quando finalmente lá cheguei, a sensação foi
ainda mais estranha. Não havia dunas em lado nenhum, claro. Nem tsunami, nem muro, nem nada. O mar
estava ali aos meus pés, castanho, e não se percebia muito bem onde ia parar. Avancei uns cinquenta metros sempre com a água pelo
tornozelo. Vi um grupo de amigos e perguntei-lhes até onde tinham ido.
Fizeram-me sinal "até à cintura", mas um deles respondeu que era
longe. E olhando em frente, parecia que vinha o tal tsunami, ou a duna com as ondas por cima.
Decidi não avançar mais. Estava longe da costa e sozinho.
Por muito que não me parecesse perigoso, a verdade é que o ambiente era muito esquisito. Nunca tinha visto nada assim. Havia pequenas ondas sempre a chegar, e era possível ver a maré a
avançar na areia, devagar mas a olho nu.
Foram mais quarenta minutos de
passeio, o regresso. E quando ao final da tarde decidi vir espreitar outra vez, o mar estava a pouco mais de
quinhentos metros da praia. Havia mais gente no areal, estava o "circo" montado mas sinceramente já não era a mesma coisa.
3 comentários:
Parece que descobriste a Figueira da Índia. Get it? ;)
ahaha pensei o mesmo!
Uaaauuuuu! Sempre experiências incríveis!!! :)
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