13/05/2016

HOSPITALIDADE IRANIANA (2)

A história do visto não acaba no avião: este bolo ainda tem uma cereja no topo.

Cheguei a Teerão e viajei durante três semanas pelo Irão, sendo que só fui a Shiraz ao fim de quinze dias no país. Ou seja: quando liguei à senhora da agência para combinarmos qualquer coisa, já tinha passado imenso tempo desde que todo o processo do visto acontecera.

E quando cheguei à agência, finalmente conheci a senhora (que afinal até era uma rapariga nova) e a primeira coisa que ela fez ao dar-me um aperto de mão foi agradecer-me por ter vindo.

"Era o que faltava", respondi-lhe. "Eu é que agradeço a simpatia e a confiança que teve em mim."

Sentámo-nos a conversar um pouco, ela estava curioso com a minha viagem, onde tinha estado, com quem... e se estava a gostar do país. Os iranianos são, em geral, muito curiosos com esta questão - mas nós tínhamos trocado muitos emails antes e ela sabia das minhas expectativas, por isso ao fazer esta pergunta tinha uma profundidade maior do que o habitual "do you like Iran?" que tanto se houve na rua.

Enfim... meia hora à conversa e quando chegou a hora de pagar, entreguei-lhe o dinheiro e ela agradeceu novamente eu ter vindo, e eu voltei a dizer que quem tinha de agradecer era eu.

"Tu és muito descontraído, não és?", perguntou-me.

"Em geral sim, às vezes não... porquê?"

"Porque quando chegámos a um ponto em que percebeste que não ias poder pagar, disseste-me com toda a calma que se calhar era melhor cancelar a viagem, e que vinhas mais tarde."

"E que remédio tinha eu?"

"Foi por isso que eu propus pagares o visto mais tarde, em dinheiro, aqui em Shiraz. Porque eu já tinha percebido o quanto querias vir ao Irão, e fiquei com pena que tivesses de adiar só por causa disso. E pensei... se ele vier cá pagar óptimo, mas se não aparecer, pelo menos viajou no meu país."

E esta, hem?

1 comentário:

Clara Amorim disse...


Maravilha!!!