Algumas pessoas que acompanham este blog já se devem ter perguntado acerca desta família com quem estou a passar uns tempos, numa "aldeia flutuante" no meio do Lago Inle.
Por várias vezes mencionei a palavra "Intha", mas engane-se quem achou que esse era o apelido da família. Nada disso.
A palavra Intha quer dizer "filhos do lago" e é o nome de um grupo étnico que vive nas aldeias flutuantes do lago Inle, bem como nos aglomerados urbanos à volta, no Planalto Shan, naquele que é hoje conhecido por Myanmar.
Acredita-se que os Intha sejam descendentes de tribos tibetano-birmanesas que vieram da Mongólia para o Sudeste Asiático há cerca de dois mil anos, apesar de uma lenda local mencionar o nascimento da tribo (uma história que está entre o Adão e Eva e o Romeu e Julieta), que terá sido deslocada para esta zona em 1353.
São hoje cem mil. Falam um dialecto arcaico de birmanês. São budistas. E vivem essencialmente da pesca e da agricultura, além de cultivarem e produzirem tabaco, e de tecerem seda e algodão. As suas hortas flutuantes são muito famosas: crescem sobre filas de cestos de bambu cheios de lama e vegetação morta, pelo que flutuam à superfície da água. Mas a particularidade pela qual os Inthas são mais conhecidos (e fotografados) é a forma como remam.
Os Intha usam uma técnica única no mundo: remam de pé, com uma perna apoiada na ponta do barco e a outra "enrolada" ao remo. Ficam assim com as mãos livres para lançar e puxar as redes, por exemplo.
Esta técnica desenvolveu-se porque a água do lago tem muita vegetação flutuante e sedimentos a boiar - e como só levantados conseguem os pescadores ter uma melhor visibilidade enquanto remam, tiveram de encontrar uma solução que fosse de acordo com estas características. Um amigo meu aqui do lago diz que não, nada disso, esta técnica foi inventada porque assim pode-se remar mais depressa. O que só faz sentido nas corridas, que acontecem uma vez por ano... não me parece que fosse factor determinante neste processo.
Existem no Lago Inle cerca de vinte aldeias sobre estacas. Para ir de aldeia em aldeia - ou mesmo de casa em casa, como eu tenho constatato - é preciso quase sempre usar um barco. Por esta razão, os Intha sabem, desde muito pequenos, nadar e remar. Mais ou menos como os mongóis com os cavalos.
E o à-vontade deles em cima dos barcos é ainda mais escandaloso quando há um estrangeiro a bordo... mas não vou falar sobre isso agora. ;)
2 comentários:
Maravilha!!! 😊
Those picture make me back to Myanmar again !
Beautiful moment !
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