10/02/2014

CASTIGO DE BUDA

Quando fui visitar o Mahabodhi Temple, aconteceu-me uma daquelas que apetece mandar-vir com toda a gente, quando a culpa não é de ninguém.

Enfim...

Quando cheguei às imediações do templo, perguntei a um guarda por onde se entrava e ele apontou-me para a rua que seguia em frente. Mal comecei a avançar, reparei numa corda que avançava paralela, e as pessoas que seguiam no lado contrário iam para o templo.

Isto é para controlar as filas, pensei. E como não havia fila, pareceu-me desnecessário ter de ir ao fim da rua só para dar a volta à corda e depois voltar tudo para trás.

Eu juro que não queria passar à frente de ninguém, não me estava a armar em chico-esperto - estava só a ser prático!

Passei por baixo da corda, ninguém me disse nada e eu nada disse a ninguém - e quando cheguei ao detector de metais, passei com toda a calma do mundo e nem achei estranho o segurança chamar-me e pedir para abrir o saco da câmara. Mostrei-lhe a câmara:

"Where is the camera ticket?"

Pois. Tive de voltar a rua toda para trás, comprar um bilhete para a câmara (a entrada é livre, mas as fotos pagam-se) e depois percorrer o caminho todo - pela terceira vez - até à entrada.

E como o Buda não estava satisfeito com a pena cumprida, quando finalmente passei o detector de metais, outro segurança começa a apontar para o meu bolso:

"What do you have there?"

É só o telefone, respondi. E saquei do telefone para mostrar que não tinha nenhuma arma comigo.

Mas afinal tinha.

"No mobiles allowed inside!"

Exactamente. Por causa do ataque à bomba sofrido no ano passado. Ou seja: volta até ao início da rua outra vez, Jorge Vassallo. Apetece-te gritar com alguém, mandar-vir, fazer cara feia? Faz pare dentro. Manda vir contigo mesmo, mais ninguém tem culpa.

Voltei para trás. Depositei o telefone no lugar próprio. E mais uma vez, já perdi a conta mas lá fui eu até à entrada do templo. E desta vez passei.

Castigo de Deus, pensei, por ter passado por baixo da corda.

Ou, para ser mais adequado ao lugar: castigo de Buda.

1 comentário:

Clara Amorim disse...

E o Buda, às vezes, pode ser mauzinho...! ;)