11/09/2013

A TRAIÇÃO DE NATASHA

Esta semana aconteceu aquilo que pensava ser impensável: a Natasha abandonou-me

Confesso que não lhe andava a dar muita atenção, ultimamente. Admito: sou culpado. Esqueci-me de a levar a passear agumas vezes. Outras, trazia-a comigo mas não me lembrava de a fotografar. Negligenciei-a, é verdade.

Já de feitio complicado, a Natasha começou a amuar cada vez com mais frequência, já quase não me falava... e há poucos dias, na Capadócia, desapareceu.

Algumas pessoas do grupo acusaram-me de me ter esquecido dela em algum lado - mas eu sabia que fora ela quem fugira. Não conseguia perceber quando ou onde, mas tinha a certeza que fugira.

A verdade é que a Natasha viveu muitos anos enclausurada na Rússia, e esta nova vida de viagens e festa abriu-lhe alguns horizontes. Quando viemos para a Turquia, reparei que estava muito ansiosa com esta nova aventura. E desde que aterrámos em Istambul, já nem parecia a mesma.

Mas voltando ao tema de abertura: a traição da matrioshka.

Ao fim de um dia sem ter notícias dela, fui encontrá-la na recepção com o meu amigo Fatih, o recepcionista turco. Pelo "clima", percebi imediatamente que não os ia conseguir separar. E nem me dei ao trabalho. Tivemos uma conversa, eu e a Natasha - ela pediu-me para ficar. Disse-me que precisava de assentar outra vez, que gostava muito de andar comigo em viagem, mas que tinha descoberto na Capadócia um lugar onde se sentia bem. E lá continua, portanto. Eu e o grupo Nomad avançámos para leste, na direcção do Curdistão... e a Natasha ficou em Goreme.

Espero que seja feliz.

Deixo-vos a última foto, tirada a meio do trekking que fizemos no dia anterior. Passou o tempo a queixar-se do calor, dos bichos, e que tinha sede, que estava cansada, que queria parar para fumar um cigarro, que estava farta desta mania de passear na Natureza. Típico da Natasha. Nem vinte e quatro horas depois, estava a pedir-me para ficar a viver ali.

A Natasha é a contradição em pessoa.

Em pessoa, não: em Matrioshka.

2 comentários:

Clara Amorim disse...

Bem, nesse caso, deixemos a Natasha ser feliz na Capadócia!!! ;)
Mas vamos ter saudades dela, pois claro!

agrades disse...

Parece-me que a Natasha se enquadra bem em Goreme. Vai ser feliz ali !
:-)