25/08/2023

55 DIAS

A quase-tragédia de mota foi, de certa forma, o culminar de um período de 55 dias que estive em Portugal, desde que regressei de uma volta por Itália e um saltinho a Amesterdão.

Aliás, vamos a matemáticas: se somar estas 8 semanas às duas quinzenas que também passei no Rectângulo (no fim de Março e no início de Junho), não chega a três meses, este ano! E como, na melhor das hipóteses, estou mais uma quinzena mais lá para o fim do ano... é fazer as contas.

Já em 2022 só estive quatro meses em Portugal – o resto a viajar.

Não é de repensar a casa? Então com esta oportunidade de ir para o México por uma temporada longa (um ano, talvez mais), uma renda em Lisboa (por muito boa que fosse) de repente era mais uma âncora do que um mimo. É verdade que me sabia bem, sempre que chegava de uma viagem, ter o meu ninho. Porém, feitas as contas, e como não tenho perspectivas de acalmar nos próximos dois anos... é para largar.

E assim fiz. Desfiz-me do ninho, esse porto de abrigo dos últimos quase sete anos, onde passei um período tão impactante quanto a pandemia, por exemplo – entre tantos outros momentos da minha vida. Se vai deixar saudades? Claro que sim. Mas a vida continua.

Vamos então aos 55 dias que dão o título a este post: quase dois meses a aproveitar Lisboa e os amigos, a família e uma série de rituais. Meia dúzia de jantares temáticos. Um fim-de-semana na Pedralva com o grupo da Índia. O concerto dos Bala Desejo e Liniker em Oeiras. A descida do Tejo em kayak, com o Carlos Carneiro e uma grupeta (okay: dois dias, não foi o rio todo, mas voltei de alma cheia!). Dois fins-de-semana na Praia das Maçãs para matar saudades e despedir-me da família e do Vicente – e para dar as boas-vindas ao novo membro de quatro patas, o Ribeiro. A talk com o Pedro on the road na Guarda. Os dias passados no Porto com Mami e o Óscar, com direito a uma apresentação no Espiga, duas francesinhas e muitos pitéus, mil e um passeios a pé pela cidade e mais um concerto dos Bala Desejo, desta vez na Casa da Música. O dia de praia maravilhoso na Comporta. O dia de praia maravilhoso nos Galapinhos. O dia de praia maravilhoso no Brejo Largo. A festa de dez anos de casados da Mariana e do Vasco, em Alpiarça. O Mamistício* nos Santos Populares e no Incógnito. O Mamistício* no Palácio do Grilo. A minha Feijoada Mítica. O sunset com a Janota nas Azenhas do Mar. O sunset no Castelo de São Jorge. O ciclo Indiana Jones em casa... e os outros filmes. A última temporada do Succession. O almoço dos Mundanos no Zé da Mouraria. O jantar com o Luís Simões, a Anyisa e os meus irmãos. O almoço com a Russa e a Tininha em Zabregas. O jantar com a Catarina e o Arisai no Ararate. O jantar com o gang no Josué. As almoçaradas lá em casa com a Mami e o Óscar. E por falar neles: a figuraça que fizeram com a Helena, num italiano no Campo Mártires da Pátria – pediram um prato que foi um show... e eu a ver. As festas de despedida lá de casa. O hotel onde ficámos depois de largar a casa, no Campo Pequeno, no auge das Jornadas Mundiais da Juventude. Os dias em Aljezur e São Teotónio, o stress com os incêndios, a tristeza de ver a área à volta de Odeceixe toda queimada. Os últimos dias em Lisboa, em casa da minha amiga Martini, a ser mimado como é apanágio. E, pelo meio, o desmontar da casa. Primeiro super organizado, e quanto mais perto da data final, cada vez mais caótico. Encontrei uma box relativamente perto e fui enchendo-a aos poucos de caixas, caixotes e caixinhas, sacos, mochilas, gavetas, prateleiras... não me perguntes como, mas consegui arrumar um T1 que estava a abarrotar de livros e pedaços de mundo em sete metros quadrados. Nada mau.

Okay: não fiz nem metade das coisas que me tinha proposto fazer, é um facto. Mas fiz muito mais do que alguma vez esperaria. Quase sempre a mil. Confesso que, a dada altura, senti-me a viver só em modo “reação”: a alinhar nos programas que iam aparecendo, a adaptar horários, agendas e calendários; poucas vezes tive as rédeas do momento. Mas não me queixo. Saí de Portugal com o coração a abarrotar. Tal como as duas mochilas que trouxe comigo para o México. 

No próximo post partilho alguns registos, em homenagem a estes 55 dias.

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