20/03/2020

QUARENTENA... OU PRISÃO DOMICILIÁRIA?

Hoje, para celebrar a entrada na Primavera, fiz um boneco de neve.

A sério: fiz mesmo. Com ervilhas a fazer de olhos e uma malagueta pequenina, que trouxe do Laos, em vez de nariz. Podes espreitar no fim deste post, vou partilhar uma foto.

E não: não estou a dar em doido. Ainda. Acho eu. Espero.

Estou só há sessenta e sete horas e quarenta e dois minutos em quarentena - mais minuto, menos minuto. Não que esteja muito obcecado com o tempo. Nada disso. Não estou propriamente a cravar riscos na parede, com um canivete, por cada hora que passa. Mas queres o quê? Eu sei que ainda agora começou, e falta-me ainda uma longa caminhada... mas não consigo deixar de pensar que estes dias fechado em casa têm um travozinho a prisão domiciliária. E logo eu, que até estou habituado a estar sozinho. Moro sozinho, viajo sozinho - mas é por opção.

Enfim: se tem de ser, tem de ser. É pelo bem de todos - assim acredito, assim espero que seja.

Três dias em quarentena, portanto. Os primeiros dois foram passados a arrumar as malas e as ideias, a combater o jet lag, a fazer contas à comida que tinha em casa, à comida que a minha prima Joana me veio cá deixar antes de eu chegar, à comida que trouxe da Índia.

Trouxe comida da Índia, sim. Tinha direito a 30kg de bagagem e a mochila pesava dez. E porque não? Trouxe comida e trouxe máscaras, gel desinfectante, luvas, todo um kit apropriado ao momento. Só não trouxe papel higiénico, não me faz falta, uso chuveirinho. Mas tendo em conta o panorama, podia ter planeado melhor. Papel higiénico é leve... dez quilos dá quantos rolos? Ainda fazia negócio.

Devaneios à parte: hoje consegui finalmente sair desse meio-termo entre o enjoadinho e o tem-a-mania, e dediquei parte do dia a limpar a casa. Ainda não foi a limpeza que quero, longe disso - mas é um princípio. Depois de limpar o pó aqui-e-ali (a sério, estamos mesmo a falar disto?!), decidi aventurar-me no frigorífico e dei conta que ainda não tinha espreitado o congelador. A porta estava colada, a custo consegui abri-la... e surpresa: passei os vinte minutos seguintes a raspar gelo e a limpar toda uma Antártida de desleixo doméstico.

Ou seja: no fim, tinha no chão gelo suficiente para um boneco.

E porque não? Já vi bem pior, nas redes sociais.

Fica então o boneco prometido - e um pedido de desculpas pelo post tão pouco construtivo. Hoje à noite vou dar uma volta a algumas pastas de fotos, organizar ficheiros... deixa lá ver se encontro alguma coisa de interessante ;)


2 comentários:

Lv disse...

Gosto muito do cão ao lado do boneco de gelo :)
Aqui também estive em limpezas ..... até amanhã, continuação boa quarentena

Clara Amorim disse...

Tanta originalidade só podia vir de ti!!!
Muita força para os próximos dias. Tenho a certeza de que criatividade não te vai faltar...
E não estás sozinho! Nós estamos sempre por aqui e por ali!
E dia 22 vamos ter a honra de ter ver e ouvir num live extraordinário! ❤️
Até já!
Clara