20/05/2014

GOSTO DO 108

Ainda na sequência da NomadTalks de ontem: um dos assuntos que não tive tempo de falar foi a importância do número 108 em Angkor e nas culturas orientais em geral.

Assim, hoje de manhã comecei a preparar este post, quando encontrei nos meus arquivos o "rascunho" de um texto que penso nunca ter publicado. Pelo menos não o encontro no blog. Dei-lhe algumas voltas, adaptei um ou outro pormenor e aqui vai:

:)

Como sabe quem acompanha as minhas voltas há mais tempo: gosto de números. Não sou especialmente entendido ou estudioso, mas como em tantos outros temas: um curioso.

Um turista.

Gosto de números redondos, de números que "rimam", de "coincidências matemáticas". Tenho até os meus preferidos - acho piada ao tema e ando especialmente atento aos que se cruzam comigo nas voltas. Gosto de fazer listas, de enumerar experiências, fazer rankings - coisas do género. Já devem ter reparado ;)

Quanto àquele que faz de título a este post: é uma referência incontornável nas minhas viagens pela Indochina - além de que o "encontro" com frequência nas minhas voltas, seja lá onde fôr.

Gosto do 108.

O 108 é um número poderosíssimo, seja nas culturas orientais - budistas, hinduístas, taoistas ou lá-o-que-for -, seja até na herança popular ocidental. É mencionado vezes sem conta desde o início dos tempos, manifesta-se nas ocasiões mais inesperadas, e tem uma importância enorme na numerologia e na superstição.

Na Indochina, por exemplo: na famosa entrada sul de Angkor Thom, onde a estrada é flanqueada por demónios e deuses, todos segurando uma enorme Naga - são cinquenta e quatro, de cada lado. Cento e oito, ao todo. As torres do Bayon, com as cabeças esculpidas. São quarenta e nove - mais cinco em cada portão da cidade. Exactamente: outra vez cinquenta e quatro, metade do número mágico. Em Bangkok, no Wat Pho, onde está o gigantesco e muito fotografado Buda Reclinado: há 108 pequenas taças, onde se depositam moedas que se compram no templo, enquanto rezamos ou pedimos por qualquer coisa ao Buda. Cento e oito vezes - um mantra perfeito. O rosário budista, por exemplo, tem 108 contas.

Na Índia: tanto o lorde Ganesh como Shiva têm 108 nomes - como muitos outros deuses, note-se. Vários mantras têm de ser recitados esse número de vezes, para terem efeito. Também o mala - o rosário hindu - tem cento e oito contas. Há 108 lugares associados a Vishnu. O corpo de Sati despedaçou-se em 108 partes, quando ouviu Daksha insultar o seu marido, lorde Shiva. O sistema Védico, anterior ao hinduísmo, acredita que 108 representa o Universo.

A distância entre a Terra e o Sol equivale a cento e oito vezes o diâmetro do sol.

Em matemática o 108 é um número muito forte, porque é um hiperfactorial dos números 1, 2 e 3. Se levantarmos cada número a si próprio e multiplicarmos todos, o resultado é... pois.

1x2x2x3x3x3=108

Stonehenge tem 108 pés de diâmetro.

A frequência mais alta em FM, num rádio, é 108MHz.

No épico "Odisseia", Ulisses tem de combater 108 pretendentes de Penelope.

Na série de televisão Lost, há uma série de números que têm de ser "inseridos" num computador a cada 108 minutos - a soma desses números é também 108.

Na medicina tradicional Ayurveda, há 108 pontos de pressão no corpo. E no Tai Chi, 108 movimentos.

No sânscrito antigo há 54 letras - e todas têm masculino e feminino - shiva e shakti.


E a lista continua...

1 comentário:

Clara Amorim disse...

O 108 deu também uma crónica fabulosa!!!