Assim, hoje de manhã comecei a preparar este
post, quando encontrei nos meus arquivos o "rascunho" de um texto que
penso nunca ter publicado. Pelo menos não o encontro no blog. Dei-lhe algumas voltas, adaptei um ou outro pormenor e aqui vai:
:)
Como sabe quem acompanha as minhas
voltas há mais tempo: gosto de números. Não sou especialmente entendido ou
estudioso, mas como em tantos outros temas: um curioso.
Um turista.
Gosto de números redondos, de números
que "rimam", de "coincidências matemáticas". Tenho até os
meus preferidos - acho piada ao tema e ando especialmente atento aos que se
cruzam comigo nas voltas. Gosto de fazer listas, de enumerar experiências,
fazer rankings - coisas do género. Já devem ter reparado ;)
Quanto àquele que faz de título a este
post: é uma referência incontornável nas minhas viagens pela Indochina - além
de que o "encontro" com frequência nas minhas voltas, seja lá onde
fôr.
Gosto do 108.
O 108 é um número poderosíssimo, seja
nas culturas orientais - budistas, hinduístas, taoistas ou lá-o-que-for -, seja
até na herança popular ocidental. É mencionado vezes sem conta desde o início
dos tempos, manifesta-se nas ocasiões mais inesperadas, e tem uma importância
enorme na numerologia e na superstição.
Na Indochina, por exemplo: na famosa
entrada sul de Angkor Thom, onde a estrada é flanqueada por demónios e deuses,
todos segurando uma enorme Naga - são cinquenta e quatro, de cada lado. Cento e
oito, ao todo. As torres do Bayon, com as cabeças esculpidas. São quarenta e
nove - mais cinco em cada portão da cidade. Exactamente: outra vez cinquenta e
quatro, metade do número mágico. Em Bangkok, no Wat Pho, onde está o gigantesco
e muito fotografado Buda Reclinado: há 108 pequenas taças, onde se
depositam moedas que se compram no templo, enquanto rezamos ou pedimos por
qualquer coisa ao Buda. Cento e oito vezes - um mantra perfeito. O rosário
budista, por exemplo, tem 108 contas.
Na Índia: tanto o lorde Ganesh como
Shiva têm 108 nomes - como muitos outros deuses, note-se. Vários
mantras têm de ser recitados esse número de vezes, para terem efeito. Também o
mala - o rosário hindu - tem cento e oito contas. Há 108 lugares associados a
Vishnu. O corpo de Sati despedaçou-se em 108 partes, quando ouviu
Daksha insultar o seu marido, lorde Shiva. O sistema Védico, anterior ao
hinduísmo, acredita que 108 representa o Universo.
A distância entre a Terra e o Sol
equivale a cento e oito vezes o diâmetro do sol.
Em matemática o 108 é um número muito forte,
porque é um hiperfactorial dos números 1, 2 e 3. Se levantarmos cada número a si próprio
e multiplicarmos todos, o resultado é... pois.
1x2x2x3x3x3=108
Stonehenge tem 108 pés de diâmetro.
A frequência mais alta em FM, num
rádio, é 108MHz.
No épico "Odisseia", Ulisses
tem de combater 108 pretendentes de Penelope.
Na série de televisão Lost, há uma
série de números que têm de ser "inseridos" num computador a cada 108
minutos - a soma desses números é também 108.
Na medicina tradicional Ayurveda, há 108 pontos de pressão no corpo. E no Tai Chi, 108 movimentos.
No sânscrito antigo há 54 letras - e
todas têm masculino e feminino - shiva e shakti.
E a lista continua...
1 comentário:
O 108 deu também uma crónica fabulosa!!!
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