Entretanto, passaram dois anos. Um pouco mais: dois anos, dois meses e dois dias, para ser mais exacto, desde a última vez que vom aqui brincar aos blogs e publiquei o post anterior a este.
Onde é que eu ia?
Olha eu a revirar os olhos:
Ia para a República Dominicana. Num voo charter! Eu, que já atravessei a Índia de vespa e parte de África de bicicleta, que organizo viagens de imersão cultural xalálá para pequenos grupos, que digo que sim a mil aventuras e desafios menos convencionais – eu, tão Indiana Jones ou coma mania, enfim... num charter para Punta Cana?! Quem te viu e quem te vê, Jorge Vassallo.
Calma, eu explico: é que eu estava prestes a começar uma fase nova na minha vida, tinha largado a minha casinha de Lisboa e arrumara todo o meu ouro numa box... e lá ia eu, todo desapego e o-caminho-é-o-destino, para quase um ano de tacos, tequillas e mariachis.
Ah: e o voo tinha-me custado uma pechincha.. enfim, que aventura!
Setecentos e noventa e quatro dias depois, o X do meu mapa do tesouro ainda é nessa box no centro de Lisboa. Voltei várias vezes a Portugal, entretanto – que belos Verões foram estes dois últimos! – mas ainda não tenho novo ninho... nem tenciono começar a procurar tão cedo, para ser sincero. Por enquanto, está-se bem como se está.
Foi quase um ano no México, portanto. Mil e uma voltas pela capital do país, e pelo país fora, e por alguns países à volta deste país. Mais duas temporadas de viagens na Ásia. E também aprendi a falar Indonésio. Atravessei o Vietname de mota. Desci o Tejo num kayak. Caminhei por trilhos italianos. Regressei à Índia (aonde não ia desde que rebentou a pandemia). Terminei uma relação de quatro anos. Comecei a trabalhar com os Trilhos da Terra, do Bernardo Conde. O blog fez vinte anos. O instagram continuou a “bombar"... okay, mais ou menos a "bombar" (apesar da paciência ser cada vez mais chiquitita). E era suposto já ter terminado o meu livro da Indonésia... mas ainda aqui ando às voltas com esses relatos e, apesar de estar mais perto que nunca do fim... eu sei lá! Aliás: entretanto fui começando outros, imagina. Só para aumentar um bocadinho mais o caos que já é isto de ser escritor. Ou ter a mania que. Um sobre a experiência de um ano na Cidade do México. Outro acerca da aventura de mota no Vietname. E aquele best of para celebrar os 25 anos do blog - se alguma vez lá chegar?
A vida deu as cambalhotas que tinha de dar, o mundo deu mil tropeções e abanões e trambolhões... e eu? Eu deixei-me levar, my friend, aproveitei cada sorriso e cada abraço e cada petisco e cada tchim tchim que fui encontrando pelo caminho e cá estou, sentado à frente do computador, num quarto enorme e barato em Puerto Morelos (provavelmente o único spot pacato da Riviera Maya, mas não digas a ninguém), depois de três semanas a viajar pelo México com um grupo de oito pessoas. Chove lá fora e não é pouco, e não é muito – é bastante. Mas longe do aparato daqueles furacões que aparecem cada vez com mais frequência nos telejornais.
Apeteceu-me voltar ao blog. Dois anos, dois meses e dois dias depois, eu sei lá se isto vai dar em alguma coisa, até porque já ensaiei este regresso meia dúzia de vezes, nos últimos anos, e nenhuma se aguentou muito tempo. Mas vou tentar, não custa tentar, quero mesmo-mesmo ver se ponho isto às voltas outra vez.
Nem que seja para que o último post do blog não seja sobre eu a entrar num voo charter para Punta Cana.







